A história do atual estádio Palestra Itália remonta à virada do século 19 para o século 20 e envolve uma das mais tradicionais empresas brasileiras da época, a Companhia Antarctica Paulista. Pensando no lazer de seus funcionários, a empresa criou o Parque da Antarctica, um espaço de 300 mil metros quadrados que abrangia uma vasta área verde, com lago, parque infantil, restaurantes, choperia, local para bailes, reuniões e áreas para a prática esportiva (incluindo pistas de atletismo, quadra de tênis e um dos primeiros campos de futebol da cidade).
Em pouco tempo, o parque passou a ser uma referência não só para a prática do futebol, mas também para diversas atividades ao ar livre, como corridas de automóveis, lutas de boxe, etc.
Com a crescente paixão pelo futebol, esporte que já tinha adeptos em grande número não só em São Paulo, mas também no Brasil, o espaço passou a ser muito requisitado para esta prática esportiva. A empresa, então, passou a alugar o campo de futebol lá existente para clubes nos primeiros anos do século 20.
O Germânia, clube de origem alemã, passou então a ser o mandante do campo. Exatamente no dia 3 de maio de 1902, o Mackenzie College venceu o Germânia (atual Esporte Clube Pinheiros) no Parque Antarctica, por 2 a 1, dando início ao primeiro campeonato oficial de futebol do Brasil, o Paulista.
Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Germânia diminui suas atividades sociais e repassou seu contrato de locação para o América F.C. (já extinto), clube este que foi fundado por Belfort Duarte.
Por sua vez, com dificuldades econômicas, o América passou a sublocar o espaço para outras equipes. Foi assim que, exatamente no ano de 1917, o Palestra Itália passou a mandar seus jogos no Parque Antarctica. O contrato de então previa que o América utilizasse a estrutura nas terças, quintas, sábados e domingos, enquanto o Palestra Itália usaria o local nos mesmos dias, porém na parte da tarde, para treinos e partidas oficiais.
Em 1920, contanto com o apoio da Companhia Matarazzo, o Palestra Itália efetuou a compra do campo de futebol e de grande parte do terreno do Parque Antarctica pelo valor total de 500 contos de réis, uma verdadeira fortuna à época. As condições de pagamento também não eram muito favoráveis: metade a vista, outra metade em duas prestações anuais de 125 contos de réis. Era uma aposta ousada, mas que foi aceita de pronto pelo presidente Menotti Falchi. Exatamente no dia 27 de abril de 1920, o contrato entre as partes foi firmado.
Na escritura de compra as condições de favorecimento aos empregados e ao comércio dos produtos Antarctica eram explícitas. A exclusividade duraria 99 anos: desde a fundação do Parque, 1904, até 2003, só produtos daquela fábrica poderiam ser vendidos.
Na primeira partida como legítimo proprietário do estádio, no dia 16 de maio de 1920, o Palestra Itália aplicou uma sonora goleada sobre o Mackenzie, por 7 a 0, gols de Caetano (3), Heitor (2), Fabbi e Imparato.
O Palestra Itália conseguiu, com dificuldades, pagar as duas primeiras parcelas do pagamento, porém não conseguiu arcar com a última delas. A solução foi vender uma parte do terreno para o conde Francisco Matarazzo, que pagou a soma de 187 contos de réis.
Aos poucos, o clube passou a investir em grandes reformas no local, incluindo a construção da arquibancada geral, ainda de madeira, e da tribuna social (reservada aos associados do clube). Em 13 de agosto de 1933, o Palestra Itália vencia o Bangu, por 6 a 0, pelo Torneio Rio-São Paulo, marcando a inauguração do “Stadium Palestra Itália”. Já com arquibancadas de concreto, tratava-se do maior, mais moderno e imponente estádio do país na época. Neste mesmo período, a sede social do clube foi transferida do centro da cidade para o entorno do estádio.
No final da década de 1950, foi iniciada uma nova e profunda reforma, onde a arquibancada foi totalmente reconstruída e passou a ter mais do que o dobro da capacidade anterior. O campo foi suspenso – daí surge o nome de “Jardim Suspenso” – e foram construídos vestiários no sub-solo. A reinauguração aconteceu no dia 7 de setembro de 1964, com o jogo Palmeiras x Guaratinguetá, pelo Campeonato Paulista.
A partir da década de 1990, o Palmeiras fez diversas obras de melhorias, para aumentar o conforto dos torcedores e começar a formalizar, aos poucos, o grande sonho de gerações de palestrinos e palmeirenses: a construção de uma nova Arena, que será em breve um dos estádios mais modernos das Américas.
No velho, e sempre novo, Palestra Itália foram decididos Campeonatos Paulistas, Brasileiro de Seleções, Mercosul e a Libertadores de 1999. Foi no local também que a seleção brasileira exibiu-se pela primeira vez na cidade de São Paulo e obteve sua primeira conquista da Copa Rocca, em cima da Argentina. Além disso, as velhas chaminés que ainda existem no outro lado da avenida Francisco Matarazzo já presenciaram outros feitos memoráveis, como o Palestra vencer o Corinthians por 8x0 e o Palmeiras golear o Boca Juniors por 6x1, entre tantos outros.
DADOS DO ESTÁDIO
CURIOSIDADES HISTÓRICAS
68 jogos atuando no Estádio Palestra Itália, de 1986 a 1990
Palestra Itália 5 x 1 Internacional
21 de abril de 1917
Árbitro: Nestor Pedroso de Carvalho
Palestra Itália: Flosi, Bianco, Grimaldi, Bertolini, Picagli, Fabbi, Caetano, Ministro, Heitor, Severino, Martinelli.
Gols: Ministro (2), Heitor, primeiro tempo; Caetano (2), Severino, segundo tempo.
Palestra Itália 7 x 0 Mackenzie
16 de maio de 1920
Árbitro: Manuel Domingues Corrêa
Palestra Itália: Primo, Bianco, Grimaldi, Bertolini, Picagli, Fabbi, Caetano, Ministro, Heitor, Ernesto Imparato, Imparato II.
Gols: Caetano (3), Heitor (2), Fabbi e Imparato.
Palestra Itália 11 x 0 Internacional
8 de agosto de 1920
Árbitro: Odilon Penteado do Amaral
Palestra Itália: Flosi, Bianco, Pedretti, Bertolini, Picagli, Fabbi, Caetano, Ministro, Heitor, Ernesto Imparato, Martinelli.
Gols: Ministro (2), Imparato, Caetano, Martinelli e Heitor Marcelino - 6 gols (recorde)
24 de maio de 1930
Árbitro: Thomaz Cicarelli
Palestra Itália: Nascimento, Loschiavo, Nigro, Gino, Goliardo, Serafini, Ministrinho, Carrone, Heitor, Lara, Osses. - Técnico: Eugenio Medgyesy "Marinetti"
Gols: Lara, Carrrone e Heitor
Palestra Itália 6 x 0 Bangu
13 de agosto de 1933
Árbitro: Haroldo Dias da Mota
Palestra Itália: Nascimento, Carnera, Junqueira, Tunga, Dula (Zico), Tuffy, Avelino, Gabardo, Romeu Pellicciari, Lara, Armandinho - Técnico: Humberto Cabelli
Gols: Gabardo, Avelino, primeiro tempo; Avelino, Romeu Pellicciari, Gabardo, Romeu Pellicciari, segundo tempo.
Palmeiras 7 x 0 Internacional de Limeira
21 de abril de 1962
Árbitro: João Etzel
Palmeiras: Rosan, Jorje, Sebastião, Mané, Flávio (Giovani), Jurandir, Gildo, Américo, Zeola (Goiano), Ademir da Guia, Américo II.
Gols: Américo, primeiro tempo; Américo (2), Gildo (3), Giovani.
Palmeiras 2 x 0 Esportiva de Guaratinguetá
7 de setembro de 1964
Árbitro: Teodoro Niti
Público: 31.899
Palmeiras: Valdir, Caetano, Djalma Dias, Valdemar Carabina, Ferrari, Dudu, Tupãzinho, Gildo, Ademar, Picolé, Rinaldo.
Gols: Ademar, Rinaldo, primeiro tempo.
40.283 pagantes
Palmeiras 1 x 0 XV de Piracicaba
18 de agosto de 1976 - a partida decidiu o Campeonato Paulista
Árbitro: Romualdo Arppi Filho
Palmeiras: Leão, Valdir, Samuel, Arouca, Ricardo, Pires, Ademir da Guia, Edu, Jorge Mendonça, Toninho, Nei.
Gol: Jorge Mendonça, primeiro tempo.
Palmeiras 2 x 0 Grêmio
6 de outubro de 2007
Árbitro: Heber Roberto Lopes
22.667 pagantes
Renda: R$ 428.170,00
Palmeiras: Diego Cavalieri; Paulo Sérgio, David, Dininho (Gustavo) e Valmir; Wendel, Makelele, Valdívia e Caio; Luiz Henrique (Deyvid) e Rodrigão (William) - Técnico: Caio Júnior
Gols: Caio e Rodrigão, 12min e 22min do primeiro tempo